Entrevista com os Estagiários da Área 51
Olá pessoal! Hoje trago uma entrevista que fiz com a Flávia
e o Victor. Eles são os apresentadores do podcast “Estagiários da Área 51”
sobre teorias da conspiração. Recomendo para quem gostar de assuntos como alienígenas,
fantasmas, casas assombradas, universos paralelos e fofocas conspiratórias dos
famosos e políticos. Esse é o Instagram deles: https://www.instagram.com/estagiariosdaarea51/, e eles estão em todas as plataformas de podcast. Bora lá!
Pergunta 1) Vocês já estão formados na faculdade? Qual
faculdade e em que curso?
Flávia: Eu e o Victor nos formamos no mesmo ano, na mesma
sala em Rádio e TV na faculdade Cásper Líbero de São Paulo.
Victor: Inclusive o podcast foi um projeto de aula
que a gente acabou “metendo um louco” muito grande.
Flávia: Foi nosso último trabalho de faculdade da
matéria de Rádio.
Victor: O professor amou a ideia, tanto que ele ainda
curte todas as nossas postagens
Pergunta 2) Como surgiu o podcast?
Flávia: Então,
nesse último o professor juntou todo mundo em duplas e ele falou que a gente
podia fazer um podcast. Era o último trabalho, a gente já tinha passado se eu
não me engano, e eu e o Victor falamos assim: “meu, vamos ‘chutar o pé da
barraca’ e fazer uma coisa muito ‘nada a ver’, já que a gente não tá muito
desesperado por nota, vamos fazer um podcast sobre aliens” (no começo ia ser só
sobre aliens). E junto com o trabalho, não só você tem que gravar o primeiro
episódio, você tem que vender o seu podcast, como se fosse vender pra uma
produtora, então a gente pensou em fazer sobre um tema mais aberto, fazer sobre
teorias da conspiração. O primeiro episódio a gente gravaria sobre aliens e o
resto deixaríamos aberto para outros temas conspiratórios (que tem um monte por
aí).
A gente gravou no último mês, talvez na última semana. A
gente se juntou num dia e gravou por muitas horas, mais do que a gente tinha
planejado.
Victor: Sim, o plano era gravar um episódio de 40
minutos e a gente gravou um de duas horas e meia, sem pensar, a gente estava
conversando.
Flávia: a
gente alugou o estúdio, por que na faculdade você tem que botar o seu nome e
eles reservam por no máximo uma hora e meia. E a gente alugou pra dividir entre
a gente e mais duas amigas nossas que iam gravar depois da gente. A gente tomou
todo o tempo delas!
Victor: A gente disse “dá pra fazer em 45 minutos, tá
suave”, quando a gente chegou, elas estavam sentadas tipo “quê que tá
acontecendo?”. A gente teve que gravar a outra metade no outro dia.
Infelizmente (não dá pra ouvir quando você escuta de fora,
mas a gente consegue perceber nitidamente), dá pra ver o momento em que a gente
vira o dia, um dia gravamos de tarde, super elétricos, no outro gravamos de
manhã, mortos, querendo “tacar o trabalho pela janela”, mas deu certo,
inclusive é o melhor episódio que a gente fez até hoje.
Pergunta 3) Vocês continuaram gravando na pandemia. Como está
sendo isso, online ou presencialmente?
Flávia: A
gente grava tudo online.
Victor: Os primeiros quatro gravamos em pessoa, o
primeiro gravamos tudo bonitinho, com equipamento profissional da faculdade, o
segundo gravamos na biblioteca da faculdade, o terceiro e o quarto foram
gravados no mesmo dia, na casa da irmã da Flávia, porque a gente sabia que não
poderíamos nos encontrar (já era 13 de março de 2020), então já gravamos dois
episódios de uma vez para termos tempo de pensar em como seria dali pra frente.
Flávia: A gente não sabia que ia ser tanto tempo
assim, pensamos que a gente ficaria uns três meses sem se ver, e agora faz mais
de um ano que não encontro o Victor.
Victor: A gente se comunica por mensagens e por
gravações, a gente se fala no dia da gravação.
Como é o efeito de som no formato online?
Flávia: Eu acho que em questão de som até ajuda,
porque a gente não tem um estúdio, então se estamos separados, o meu áudio não
interfere no áudio do Victor. E nossas casas não são tão barulhentas, nunca
tivemos problema com isso.
Victor: E a gente sempre gravar em horários
estranhos, então nunca tem nada acontecendo, porque está muito tarde, porque
nós dois trabalhamos.
Flávia: A única coisa que foi mais difícil de
acostumar, foi de não estar no mesmo ambiente. Mas o que ajuda é que eu e o
Victor somos amigos, então eu sempre sei quando ele vai rir de alguma piada que
eu faço. Então não ter isso, ou ter isso por Zoom é difícil, mas já nos
acostumamos.
Victor: Outro problema é o delay de tempo, mas como
tanto eu quanto a Flávia já trabalhamos com edição (e a Flávia ainda trabalha
com isso), nós temos bastante noção de tempo. Não falamos um em cima do outro.
É basicamente um grande áudio de WhatsApp que a gente coloca na internet todo
mês para umas centenas de pessoas escutarem.
Pergunta 4) Vocês recebem muitas críticas e comentários
positivos? E negativos?
Flávia: Crítica eu acho que a gente nunca teve.
Victor: Tipo, francamente “vocês são um lixo, cai
fora”, não, nenhuma.
Flávia: Pelo Instagram, a gente tem TikTok também,
onde a gente tem mais comunicação com as pessoas é pelo e-mail e pelo TikTok,
mas nunca teve comentário negativo, sempre comentários positivos, tem umas
pessoas específicas que sempre mandam DM, sempre mandam e-mail, mas nunca teve
nenhuma crítica, sempre comentário muito positivo. Até quando a gente lançou
nosso primeiro episódio, que eu achei que ninguém ia ouvir, porque nós
estávamos na faculdade fazendo aquilo só de zoeira, a gente nem sabia que ia ser
um podcast que a gente ia continuar fazendo. Teve muita gente da nossa
faculdade que ouviu e disse “continuem fazendo”. Sempre foi muito tranquilo,
nunca teve nenhum xingamento. Teve até um comentário discutindo uma coisa que a
gente tinha falado num episódio. Acho que os nomes dos filhos do George Foreman.
Victor: Foi tipo “parabéns, fiquem com essa
informação a mais aí”.
Pergunta 5) Alguém
já reconheceu vocês na rua ou pediu autógrafo?
Flávia: Não, imagina! O dia que isso acontecer eu vou
dar muita risada! Eu não saio, tem essa também!
Victor: Primeiramente porque não tem rua, a gente
realmente não sai. A gente brinca no podcast que a gente mora num bunker e
“todo mundo tome vacina e fique em casa”, mas a gente leva isso muito a sério,
a gente não sai.
Flávia: E como é podcast eu acho que reconheceriam
pela voz, se a gente falasse alguma coisa. Mas não pela cara, a gente não posta
muito a nossa cara, só se a pessoa acompanhar a gente pelo Instagram. Então
não, ainda não.
Mas algum amigo de vocês já pediu autógrafo, de
brincadeira?
Victor: Não, o que mais acontece é gente mandando
tipo “ó, faz um episódio sobre isso”, várias pessoas já fizeram isso, tipo “eu
acho que isso aí ficaria bom num episódio”, e a gente vai anotando e vai
guardando, pro futuro.
Flávia: Pra não parecer que nossos amigos odeiam a
gente, eles apoiam muito, mas é uma ótima ideia, vou começar a cobrar eles para
me pedirem autógrafo.
Vocês já usaram alguma sugestão dessas que falaram?
Victor: Várias.
Flávia: O primeiro episódio que é “Aliens no Brasil”
(especificamente), foi minha irmã que deu a ideia, porque antes a gente ia
fazer só de aliens, mas tem tanto caso no Brasil que a gente não fala muito, a
gente só fala do ET de Varginha, ela disse “por que vocês não fazem do Brasil”.
O de desaparecimento de aviões foi o meu pai, o Efeito Mandela muita gente
pediu. Se não pequenos casos, o tema do episódio.
Victor: Mas tem gente que manda umas ideias tão
loucas lá na DM, que a gente tem que tirar sarro, a gente fala “não dá pra
gente defender isso aqui”, então a gente tem que fazer piada com isso.
Pergunta 6) Vocês pensam em convidar mais alguém para
participar do podcast?
Flávia: A gente teve um episódio que a gente gravou
com um amigo em comum, ele trabalhou comigo, virou meu amigo e depois ficou
amigo de todos os meus amigos.
Eu acho, eu não sei o Victor, eu acho que a gente nunca
discutiu sobre isso, precisamos ter uma DR. Eu não consigo imaginar fazer por
Zoom com outra pessoa, porque a dinâmica muda bastante. Imagino que se a gente fosse
convidar, fazer quando a gente estiver vacinado para poder olhar no rosto da
pessoa, porque é diferente. Quando você está tendo uma conversa assim, você tem
que interagir muito com a pessoa e você tem que puxar informação da pessoa, ou
uma história ou alguma coisa, faz diferença você estar ao vivo e ver como a
pessoa reage, do que você só fazer pelo Zoom, muda a dinâmica. Então talvez ao
vivo, mas a gente nem pensou em ninguém, nem sei se a galera ia querer entrar.
Ainda não pensamos em ninguém, talvez só amigos próximos.
Victor: E teria que ser alguém próximo da gente,
alguém que entenda a gente, e saiba se comunicar com a gente, porque nós temos
um ritmo muito específico, da gravação, porque tipo, se você não está no mesma
velocidade que a gente (literalmente velocidade, porque a gente fica cuspindo
ideias um na cara do outro constantemente), não funciona, ou a pessoa fica em
silêncio constante, ou a gente não consegue falar nada. Então é difícil.
Pergunta 7) Vocês recebem muitos e-mails?
Flávia: No começo não, eu lembro até do primeiro
e-mail que a gente recebeu (ficamos muito chocados), mas hoje em dia a gente
recebe bastante. No último episódio que a gente gravou a gente recebeu muitos
(do nada, não sei o que rolou). A gente recebe DM também, mas eu acho que
começou com comentários no TikTok, tivemos vídeos que tiveram bastante visualização.
Mas a gente recebe bastante, e, de novo, tem algumas pessoas que toda semana
mandam e-mail, ouvintes que são muito ávidos, que mandam muito e-mail. E tem do
nada umas pessoas que dizem “eu sou dessa cidade X e gosto muito de vocês,
continuem” e é só isso. E é sempre divertido, cada e-mail pra gente, a gente sempre
leva um susto, tipo “ai meu Deus, um e-mail!”
Pergunta 8) Vocês já decidiram o nome dos seus ouvintes?
Victor: Outra discussão que precisaremos ter em um
futuro não muito distante.
Flávia: Eu não faço ideia dos que poderia ser, porque
“estagiários” somos nós, não dá pra chamar todo mundo de Estagiário da Área 51.
E o quê que está abaixo do estagiário? Nada, então eu realmente não sei, a
gente vai ter que ter uma discussão e abrir para os ouvintes.
Victor: E fica aí a questão, porque nenhum de nós é
estagiário mais, então é uma grande mentira.
Pergunta 9) Vocês têm medo de terraplanistas?
Victor: Sim, ótima pergunta!
Flávia: Eu não sei se eu tenho medo, eu tenho mais
raiva. Eu lembro que no começo do podcast eu falei pro Victor: “eu vou entrar
em todos os grupos do Facebook de teoria da conspiração, pra gente saber o que
está acontecendo, né? Ver quais teorias estão bombando”. Eu tive que sair, não
dava, não dá. É uma comunidade muito esquisita. E a gente fica brincando “ai,
os terraplanistas”, como se fosse uma coisa muito lúdica, e “ai, nem sei o que
é terraplanista”, mas é muita gente, é muito mais do que você imagina. Mas eu
não tenho medo, eu tenho mais raiva, pelo amor de Deus, é 2021, eu fico meio
desesperada com isso, mas medo acho que não.
Victor: É mais incredulidade, tipo, como isso é
possível? As pessoas foram para o espaço, tem foto, tem vídeo, tem pessoas
morando no espaço agora, e você acredita que a Terra é plana! Tipo, como assim?
É um medo tipo “me deixa quieto no canto”.
Flávia: Preciso me isolar mais.
E de alienígena, fantasma, essas coisas que vocês
comentam sobre?
Flávia: Nossa, teve episódio que deu medo, né Victor?
Teve episódio que deu pesadelo!
Victor: Tive dificuldade pra dormir depois.
Flávia: É que assim, eu não sei o Victor, mas eu não
tenho medo de alien. A não ser dos daqueles filmes em que os aliens vão te
matar, aí tudo bem. Eu não tenho medo de alien, eu tenho medo de fantasma,
morro de medo de fantasma! A gente fez uns dois ou três episódios sobre
fantasma, e toda vez eu tenho um pesadelo depois.
Victor: E o pior é que é muito divertido de fazer,
nós dois odiamos falar de espíritos, mas justamente porque a gente odeia é
divertido.
Flávia: E é sempre tipo, eu pego uma história que eu
sei que vai assustar o Victor e ele pega uma história que ele sabe que vai me
dar medo, e vira uma competição de que vai fazer mais xixi na calça durante a
gravação. Mas só fantasma, acho que por enquanto eu só tenho medo de fantasma.
Victor: O negócio do alien é que quando você fica
pensando no vazio existencial, você fica pensando “meu Deus, o universo é muito
grande e a gente não sabe o que está debaixo do mar”.
Flávia: Tem a história do homem de chapéu que eu amo
contar pra pessoas, tem amigas minhas que falaram que nunca mais vão dormir na
minha casa, na hora foi horrível, mas eu amo contar pras pessoas (se você
quiser entender o que a Flávia falou aqui, assista o “Especial outubro do
Susto”, aviso que demorei para dormir depois desse episódio, não é para fracos)
Pergunta 10) Quais
são as fontes de pesquisa de vocês?
Victor: Depende do episódio, eu acho.
Flávia: E é bem uma linha tênue, porque a gente está
falando de teoria da conspiração, então tem um limite de pontos. A gente tenta
sempre pegar fontes mais críveis, tipo, a gente pega casos que têm alguma
“prova”, alguma coisa física. Depende muito, às vezes History Channel tem um
artigo sobre, ou um jornal, a gente tenta sempre pegar alguma coisa crível e
casos que tenham alguma coisa crível, e os que não tem a gente fala “esse caso
é uma grande invenção da cabeça de alguém, e é isso que eu vou falar hoje”.
Victor: Sim, foi o que aconteceu, acho que em um dos
últimos episódios, eu procurei uma teoria que era claramente falsa, e falava “é
falsa”, e eu disse “não vou falar sobre ser falsa”, e é isso aí. Geralmente
procuramos canais mais conhecidos, e séries no YouTube, eu vejo muito vídeo, e
bastante Wikipédia, não porque Wikipédia é confiável, mas porque tem pessoas
que leem e verificam, então não tem como ter muita loucura, porque tem sempre
um moderador. Lugares moderados no geral, tipo, moderados no sentido de que tem
alguém verificando o que está sento escrito. Não é tipo, uma pessoa sozinha
“metendo o louco” igual a gente está fazendo, alguém mais sério que a gente.
Pergunta 11) Quando e como vocês se conheceram?
Flávia: Eu conheci o Victor em 2016, né, Victor? No
nosso primeiro ano de faculdade.
Victor: A gente entrou no mesmo ano, na mesma sala, e
foi.
Flávia: Na nossa faculdade não tinha como em muitas
faculdades que “ah, em tal aula você tem essa sala, e em outra aula vocês tem
outra sala”. Na nossa faculdade a gente tinha todas as aulas, todas as matérias
com as mesmas pessoas, então eu e o Victor ficamos quatro anos juntos. Mas a
gente se conheceu no primeiro ano da faculdade.
Victor: Eu não lembro como.
Flávia: Eu lembro, acho que foi no trote, e eu lembro
de uma vez que tinha um grupo de veteranos da nossa faculdade que estavam gravando
uma websérie. Eu tinha 17 anos, eu entrei na faculdade com 17 anos e o Victor
tinha o que, 20, Victor?
Victor: Eu tinha 19/20, porque eu fiquei um ano
fazendo cursinho.
Flávia: E eu nunca tinha ido em gravação, eu descobri
que Rádio e TV existia um ano antes de eu entrar na faculdade, eu estava
completamente perdida. E foi logo no começo da faculdade, a gente foi numa
gravação desses veteranos, e eu lembro um momento específico que um dos nossos
veteranos estava ensinando a gente a dobrar o refletor, que é um negócio que
usa em gravação, é um aro com um material reluzente.
Victor: É tipo um cetim.
Flávia: E pra dobrar você tem que fazer uma manobra,
tem que virar o braço e fazer um negócio assim, e eles vira um círculo menor, e
eu não sabia fazer isso, e eu lembro desse exato momento, eu e o Victor e um
veterano ensinando a gente a dobrar esse negócio. Mas a partir daí foi só
contato na sala, é, Vi?
Victor: Sim, é. A gente acabou caindo no mesmo grupo
de amizades, e a gente acabou se identificando porque a gente gosta de várias
coisas que são iguais, como séries e filmes. Aí a gente acabou fazendo um monte
de trabalhos juntos e acabou ali no grupinho por quatro anos.
E a Flávia dormiu e acordou com o braço quebrado, e foi pra
gravação com o braço quebrado.
Flávia: Nossa! Eu tinha esquecido! Cara, o que
acontece comigo? Na época eu estava com o braço torcido, estava engessado o meu
braço, e por algum motivo que até hoje eu não sei, eu dormi encima do braço e
eu acordei com ele torcido. E outra vez eu torci o pé dormindo também. Eu não
sei qual é o sono radical que eu tenho, mas eu fui pra gravação, eu estava com
o braço engessado, dobrando o refletor, e o Victor chegou, e é isso, o resto é
história, somos amigos até hoje.
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